Dr. Alexandre Jácome | Transfusão de Sangue

Transfusão de Sangue

Tanto o câncer como o tratamento podem ter repercussões significativas sobre a contagem das células sanguíneas. As três linhagens celulares principais (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas) podem ter seus números reduzidos, tornando as transfusões sanguíneas necessárias para adequada reposição.

Durante o tratamento quimioterápico há intervalos entre os ciclos de tratamento exatamente para recuperação dos efeitos colaterais, principalmente a queda das células do sangue. É normal e esperado que as células sanguíneas diminuam em quantidade após o uso da maioria dos quimioterápicos, e os intervalos de 14, 21 ou 28 dias se justificam na maioria das vezes para adequada recuperação das células sanguíneas. Portanto, se o paciente fizer o exame de hemograma no período de pausa entre os ciclos de tratamento, na maioria das situações será normal encontrar redução das células sanguíneas.

A anemia durante o tratamento é extremamente comum, tanto pela doença como pelo tratamento, e não significa que o paciente não esteja alimentando adequadamente. A anemia relacionada ao câncer, na vasta maioria dos casos, não é carencial. Quando em níveis mais acentuados, torna-se uma importante causa de sintomas, como fadiga, falta de ar e dor nas pernas. A transfusão de hemácias (glóbulos vermelhos) não apenas tende a aliviar os sintomas relacionados, mas também contribui para melhora de funções orgânicas. Quando o paciente realiza radioterapia, é recomendável que os níveis de hemoglobina não fiquem muito baixos, para melhor eficácia do tratamento, o que também pode ser uma justificativa para a transfusão.

Chamamos de leucopenia ou neutropenia a queda da contagem das células de defesa (glóbulos brancos), que pode ser muito comum após a administração de determinados regimes de quimioterapia. Na grande maioria dos casos, as células de defesa irão se recuperar adequadamente, necessitando apenas de tempo para a recuperação. Quando a queda da imunidade estiver sendo muito prolongada, atrasando o reinício dos ciclos de quimioterapia, ou estiverem associadas a infecções, pode-se discutir o uso de medicações associadas, chamadas fatores de crescimento. Elas irão estimular as células de defesa a se recuperar após os novos ciclos de quimioterapia. Não há transfusões de células de defesa.

As medicações quimioterápicas afetam de maneira diferente as linhagens de células sanguíneas. Algumas medicações afetam predominantemente os glóbulos vermelhos, enquanto outras afetam mais os glóbulos brancos ou plaquetas. Para que seja necessária a transfusão de plaquetas, é preciso uma queda muito expressiva da contagem. Mesmo em números reduzidos, nossas plaquetas exercem a função de coagulação com eficiência.

Independente da linhagem sanguínea afetada e do tipo de transfusão a ser realizada, somente realizamos a reposição de células sanguíneas após criteriosa avaliação dos potenciais benefícios do procedimento, já que as transfusões sanguíneas não são procedimentos isentos de riscos, podendo ocorrer transmissão de doenças ou reações alérgicas transfusionais.

Quando as reduções das células de defesa estiverem sendo muito pronunciadas ou frequentes, será necessário discutir a redução das doses dos quimioterápicos ou até mesmo sua substituição por outras medicações. O Oncologista terá condições de fazer o melhor julgamento, tentando alcançar equilíbrio entre eficácia e segurança do tratamento.

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